Hoje sou tudo menos boa companhia, felizmente que vou trabalha entretanto. Digo felizmente porque as noites normalmente são mais calmas, tanto em trabalho como em ver pessoas.
Estas minhas "fases" acontecem algumas vezes durante o ano e normalmente quando me perguntam o que tenho a minha reposta é "nada, apenas cansaço".
Sei o motivo, sei o que o resolvia, mas falar não ia adiantar nada...
Deixar de dormir, andar sem paciência, achar que não sirvo para esta profissão e pensar apenas no trabalho (ainda que involuntariamente) é o sinal que tenho de tirar uns dias...sei que devo afastar-me.
Por vezes só damos conta das injustiças quando as vivemos, ou melhor só damos uma maior importância quando as vivemos.
Hoje falo sobre emprego, desemprego, estabilidade, instabilidade e falta de respeita para com o trabalhador.
A minha filha quando acabou o 12º anos comunicou-nos que não pretendia estudar mais, pelo menos por enquanto. Segundo ela, sentia a necessidade de ganhar dinheiro para comprar algumas coisas, que embora por vezes não necessitasse eram coisas que gostaria de ter.
Começou então a saga de procurar trabalho.
De inicio e porque tinha tirado o curso profissional de Técnico de Contabilidade começou por tentar a sorte em escritórios, mas quando viu os meses a passarem passou a inscrever-se em tudo o que aparecia.
Por vezes era chamada para entrevistas, mas não era seleccionada por falta de experiência.
Muitas vezes ela dizia " Se não me dão trabalho, como é que alguma vez poderei ter experiência?"
Passou quase um ano de procura quando a chamaram a primeira vez através de uma Empresa de trabalho ttemporário.
Apesar de saber que o tempo de permanência na firma era condicionado pelas encomendas que iriam surgir a esperança era muita. Infelizmente 3 semanas depois a empresa de trabalho ttemporário comunica-lhe que no dia seguinte já não iria pois algumas encomendas tinham sido canceladas.
Com ela foram mais 10 pessoas e depois disso mais algumas vieram para casa.
Foi um choque, já que ela estava a gostar do trabalho e do ambiente.
Informaram-na que iriam chamar o grupo, logo que surgissem mais encomendas, mas como era uma incerteza continuou a procurar.
Tinha passado cerca de 1 mês quando se foi inscrever noutra empresa, desta vez directamente a uma fabrica que nada tinha a ver com Empresas de trabalho ttemporário. Dois dias depois foi chamada para trabalhar e uma semana depois comunicaram-lhe que no dia seguinte já não iria pois estava a substituir uma pessoa que tinha estado de baixa medica.
Desta vez o choque foi maior, pois quando a chamaram não lhe disseram que apenas iria substituir alguém, se assim fosse ela estaria preparada psicologicamente para poder durar pouco.
Hoje em dia as pessoas são descartadas facilmente.
Apesar de ser frustrante o caso dela ainda não é dos mais graves já que não não precisa do dinheiro para sobreviver. O mesmo não poderá dizer as pessoas que têm filhos a cargo ou prestações para cumprir.
Nunca foi possível prever o futuro, mas actualmente o futuro é cada vez mais incerto.