Sábado, 09.03.13

 

Depois do dia terrível que tenho tinha tido estava decidida a ficar em casa.

 

Não via a hora de me esticar no sofá espezinhada rodeada dos gatos, quando recebo um telefonema de uma amiga para ir ter com ela. Confesso que essa ideia não me agradava nada, mas vendo a necessidade dela de desabafar não tive coragem de lhe virar as costas.

 

Como não estamos juntas com frequência (o telefone serve para algumas confidências), achei que deveria levar alguma coisa às pestinhas aos putos. O problema é que não tinha nada para eles, quer dizer achava eu, mas o maridão disse-me "porque não levas uma embalagem de Milka?"

 

Acredito que aquelas palavras lhe tenham saído sem pensar e que se tenha arrependido logo de seguida, sim porque para um guloso do tamanho do mundo oferecer algo que adora não deve de ser muito fácil.

 

Antes que me mandasse ao hipermercado, agarrei no pacote de Choco Moooo e nuns folhetos de desconto e saí.

 

Achei graça aos putos quando viram o pacote e disseram "olha a vaca lilás". Ficaram sossegadinhos a devorarem as bolachas enquanto nós conversávamos.

 

O assunto era sério...O banco ia ficar-lhe com a casa.

 

Eu sabia que financeiramente as coisas não estavam bem, mas ainda assim foi um choque saber que ia ficar sem casa. Falou sobre as dividas que ela e o marido foram acumulando ao longo dos anos que foram casados, o divórcio e a perda de emprego dela.

 

Na altura do divórcio ela decidiu ficar na casa, já que tinha sido construída no terreno que os pais lhe deram, praticamente pegada à deles e construída com a muita ajuda deles.

 

Agora o drama maior não era ficar sem casa, mas contar aos pais que aquela casa que eles tinham ajudado a construir e aquele terreno que lhe tinham dado iria ser do banco. Estava desesperada, pois para os pais o divórcio já tinha sido um desgosto e agora achava que a mãe não ia resistir a ver outras pessoas a viverem na casa que tinha sido da filha.

 

Compreendo perfeitamente a angustia dela e até me arrepio de imaginar estar no lugar dela.

 

Ela tem a noção de que tanto ela como o marido deram passos maior do que as pernas e que mesmo que não tivesse perdido o emprego a situação seria igualmente catastrófica.

 

Contou-me que levou muito tempo até aceitar que estava a ficar pobre, tanto mais que deixou de pagar a casa e continuou a pagar o colégio e as actividades dos putos (futebol, musica, piscina, etc), continuou a ir jantar fora com os amigos, continuou a ir à cabeleireira todas as semanas (e diga-se, bem cara), continuou a ter "senhora das limpezas" e continuou a "sustentar" um carro que bebe mais que um bêbado (palavras dela).

 

Confessou-me que durante anos viveu de aparências e para as aparências.

 

Nada que cá em casa muitas algumas vezes não o comentássemos.

 

No final, agradeceu por eu a ouvir, segundo ela estava mais leve e capaz de enfrentar os pais. Também não me parece que tenha outra alternativa.

 

Que lhe poderia dizer?

 

Que tinham sido irresponsáveis?

 

Que tinham vivido acima das possibilidades?

 

Que tinham tido as prioridades trocadas?

 

Que os jantares, as actividades dos putos, o carrão (XPTO), que o cabeleireiro, a empregada de limpeza, as férias pagas a crédito e as roupas de marca eram coisas segundarias?

 

Não valia a pena...ela sabia e apenas queria desabafar e eu como amiga estava ali para a ouvir.

 

Tanto que necessito de tranquilidade sinto-me...triste, angustiada e ansiosa (para saber o desfecho destas vidas).

 

 

 

 



publicado por momentosdisparatados às 10:18 | link do post | comentar | ver comentários (10) | favorito

Quinta-feira, 04.10.12

 

Depois de termos vendido a nossa casa, há cerca de 4 anos, juramos que nunca mais compraríamos nenhuma outra, a não ser que fossemos bafejados pela sorte e nos calhasse um premio chorudo.

 

A nossa decisão da venda deveu-se às constantes subidas das prestações, aos preços dos seguros, ao valor astronómico que tínhamos de desembolsar todos os meses. O que nos levou a deixar de fazer coisas que nos davam prazer.

 

Coisas essas, que para muita gente são luxos mas que para nós nos dão animo para enfrentar o dia a dia...férias, jantar fora, pegar no carro e passear.

 

Na escolha de encontrar o apartamento para alugar pesou o local, o preço e a área. Isto de colocar a tralha de uma moradia rés-do-chão, primeiro andar e cave não foi nada fácil.

 

Na altura da mudança descobri que quanto maior é a casa mais tralha aguardamos.

 

Não imaginam as coisas que dei e muitas que deitei fora. Coisas que não eram necessárias...apenas as íamos guardando...lá no fundo da minha mente um dia iria precisar delas.

 

Há uns meses apercebi-me que havia muito apartamento para alugar. Depois de uma pesquisa na internet verifiquei que conseguia apartamento bem mais barato do que estava a pagar.

 

Comecei à procura com mais atenção até que me ligam de uma imobiliária, segundo eles tinham um apartamento que certamente nos agradaria.

 

Fomos vê-lo e realmente agradou-nos imenso. As áreas eram muito boas, praticamente novo e o preço muito agradável. Pouparíamos cerca de 70 euros e isto sem contar com o novo aumento em Janeiro.

 

Segundo me apercebi eramos os primeiros a verem o apartamento.

 

Dissemos que entretanto daríamos uma resposta, pois queríamos ter a certeza que a mobília caberia.

 

Antes de dar a resposta queria ligar ao senhorio para saber se estaria interessado em fazer uma proposta para continuarmos no apartamento.

 

Depois de nos certificarmos que a mobília caberia, liguei ao senhorio a informa-lo que nos tinha surgido a oportunidade de um apartamento bem mais barato.

 

Demonstrou interesse em chegarmos a um acordo já que nunca tínhamos falhado o pagamento da renda, nem nunca lhe tínhamos criado problemas.

 

Pediu-nos dois dias para nos fazer uma proposta.

 

No dia seguinte liguei bem cedo para a imobiliária que nos tinha mostrado o outro apartamento a explicar a situação e pedi-lhes para não alugarem a casa sem antes falarem comigo.

 

Fiquei descansada, mas ansiosa. Não gosto de ter assuntos pendentes na minha cabeça. Por um lado não me desagradava de todo a mudança, mas por outro adoro estar onde estou e claro que uma mudança requer trabalho e despesa.

 

Só em cartas de condução (15 euros, cada), documento único automóvel (30 euros) e cartão de cidadão era um dinheirão. Seja como for esse valor rapidamente iria ser amortizado rapidamente.

 

Ao fim do mesmo dia que liguei para a imobiliária, ligam-me a informar que o apartamento já tinha sido alugado.

 

Fiquei em choque...pedi explicação e foi-me dito que tinha sido outra imobiliária a arrendar.

 

Então eu tenho cuidado de ligar para pedir que não alugassem sem me contactarem e não têm o cuidado de colocar reservado no site da imobiliária?

 

Isto é profissionalismo? Isto é ter palavra?

 

Naquela altura lembrei-me que tinha um grande problema em mãos. Que iria dizer eu ao senhorio se ele me ligasse a dizer que tinha mudado de ideias e que não iria fazer-me nenhuma proposta?

 

 Não lhe podia dizer que afinal já não saía, certamente iria achar que lhe tinha mentido.

 

No dia combinado o senhorio ligou e fez a sua proposta, eu fiz a minha...felizmente chegamos a um consenso...bem agradável. Consegui um valor inferior ao que comecei a pagar.

 

Continuo a achar que viver numa casa alugada é bem melhor. Não tenho os bancos, o spreed, os juros, o IMI e os seguros a "martelarem-me" na cabeça.

 

Ah, e tenho a vantagem se não estiver satisfeita é só procurar outro e mudar.

 

 

 



publicado por momentosdisparatados às 21:13 | link do post | comentar | ver comentários (22) | favorito


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