A felicidade ao abrir a janela do quarto depois de acordar e ver que tinha nascido mais uma ovelhita, nada tem a ver com aquilo que sinto neste momento.
O meu coração está apertadinho...pequenino...dói...
Não é novidade para alguns dos que me acompanham, aqui no estaminé que apesar de viver bem no meio da cidade a vista da minha janela dá para uma quinta com alguns animais.
Cá em casa já tínhamos conversado acerca da grande maioria das ovelhas andarem "gravidas". Eu achava que andavam gordas, mas o maridão dizia que aquilo não era apenas gordura...como sempre acertou.
Uma lagrimazita de felicidade ainda teimou a sair quando a vi. Acredito que tivesse nascido poucos minutos antes, pois ainda mal se punha em pé. Depois de várias tentativas, ali estava ela pronta a mamar. Quer dizer, ela bem tentava, mas nada de acertar nas "mamocas" da mãe.
Além de eu, no meu quinto andar também os caseiros da quinta observavam a cena.
Até ali, apesar da minha ansiedade em relação à pequenita não conseguir mamar eu estava feliz, mas quando vejo um dos caseiros ir até ao muro e trazer outra pequenita a minha felicidade aumentou.
Infelizmente por pouco tempo.
A pequenita não se conseguia levantar...era muito mais pequena do que a irmã. Vê-la ali...estendida no chão fez com que o meu coração ficasse apertadinho.
Ali estive eu, no meu quinto andar com as lagrimas a correrem a torcer para que ela arranjasse forças para se pôr de pé...infelizmente e durante mais de uma hora não foi capaz de o fazer.
Se havia alturas em que eu achava que estava morta, outras esperneava e deixava-me com esperança de a conseguir ver andar.
Tive de me afastar da janela, para fazer o almoço e quando regressei já não vi nem as pequeninas nem a mãe.
Acredito que as tenham levado para o curral para a tentarem salvar.
Aqui estou eu com os olhos a arderem de tanto chorar...sim, sou uma piegas!