Há uns tempos vi parte desta reportagem http://www.youtube.com/watch?v=BVAtcyABJoU e fiquei revoltada, mas como não a tinha visto toda achei melhor vê-la novamente. Não fosse dizer disparates.
Pois bem, depois de a ver novamente continuo revoltada e continuo a achar que justiça é coisa que não há. Quantas pessoas conhecemos que trabalharam uma vida e que umas por terem sido roubadas pelos patrões que não faziam os respectivos descontos, outras porque os anos de trabalho não foram suficientes e outras porque, apesar de doentes as juntas medicas acham que como ainda mexem podem muito bem trabalhar e não têm direito à reforma ou quando têm são miseráveis?
Conheço vários casos, mas posso falar na minha mãe que não chega a receber 300 Euros de reforma. Certo que não trabalhou uma vida...infelizmente a visão começou a faltar e para quem era empregada de escritório este problema não era compatível com o cargo.
Ao ver a reportagem e ouvir o tal "avô Metralha" dizer que recebe 400 euros de rendimento mínimo todos os meses e que é certinha revolta, revolta muito.
O homem passou a vida a roubar e a falsificar e agora dão-lhe 400 euros todos os meses certinhos e direitinho sem se chatear e sem ter de levantar o cú da cama?
Quantas pessoas todos os dias vão para o trabalho, mesmo sem poderem e chegam ao fim do mês e não recebem?
E essas mesmas pessoas ainda tentam receber através do tribunal e o que conseguem?
Ficar com o prejuízo e ainda terem de pagar a advogados, que alegam que ganharam o caso, apesar do cliente não ver um cêntimo já que o patrão não tem nada em nome dele.
Mas ganharam o caso...isso sim, é que deveria encher de orgulho o cliente!
A história deste "falsificador reformado" leva-me a pensar que afinal o crime compensa!
A Fátima http://donadecasa.blogs.sapo.pt e http://deverasoriginal.blogspot.pt/ lançaram-me um desafio...ora aqui vai:
AS REGRAS SÃO:
Agora as perguntas aqui da "Je":
1- Qual o destino ideal para umas férias?
2- Uma lembrança da infância?
3- Maior susto que apanhou na vida?
4 - Qual o teu pior defeito?
5 - A tua maior qualidade?
6 - Um sonho?
7- Um pesadelo?
8 - O que farias se soubesses que a tua melhor amiga era enganada pelo marido/namorado?
9 - Se encontrasses uma carteira cheia de dinheiro e não soubesses a quem pertencia o que farias?
10 - Algo que te tenhas arrependido?
11 - Algo que queiras fazer, mas não tens coragem?
Vou fazer batota...já muita gente respondeu aos questionários e por isso deixo em aberto para quem quiser...
Quando a minha filha era pequenita, a minha mãe dizia muita vez "filhos criados trabalhos redobrados", na altura achava aquilo paleio de velhos.
Como eu estava enganada...redondamente enganada.
Costuma-se dizer e isso também sai da minha boca muitas vezes que ser-se pais não é fácil e não trás instruções, mas pensando bem até somos avisados pelas pessoas mais velhas das "dores de cabeça" que vêm com a chegada de um filho.
Não, não estou arrependida de ser mãe, mas nas últimas semanas tenho andado ansiosa, nervosa, preocupada e em parte deve-se à minha filha. Ou melhor à insegurança do futuro da minha filha.
Como se pode pensar em futuro quando se trabalha como temporária?
Embora os contratados ou efectivos também não estejam seguros, mas sempre têm uma esperançazita maior.
Desde que acabou o 12º ano e decidiu não continuar os estudos, muitos currículos foram enviados, muitas inscrições foram feitas nas Empresas de trabalho temporário, no Centro de Emprego e várias candidaturas enviadas.
Foram meses de desânimo em que nunca era chamada, até que através de uma pessoa conhecida e depois de fazer testes consegue trabalho. A alegria foi enorme e apesar de não ter experiência nenhuma adaptou-se bem ao trabalho, ao ambiente fabril e aos turnos. Passadas 3 semanas, a empresa de trabalho temporário diz-lhe que no dia seguinte seria o ultimo dia.
As encomendas tinham diminuído e como seria de esperar os temporários vieram embora. Passada uma semanita voltam a chama-la e passado uns dias volta novamente para casa. Esta situação verificou-me mais algumas vezes até que a empresa foi "obrigada a dispensar trabalhadores também com contracto. Como boa portuguesa, tento ver o lado bom da coisa "pelo menos ainda trabalhou cerca de 6 meses no ano anterior".
Depois dessa empresa já trabalhou em várias...sempre temporariamente. Umas vezes dias, outras semanas...
Senão conhecesse a realidade do país, se não conhecesse vários casos e se não a chamassem várias vezes para a mesma empresa diria que o problema era dela, mas é uma realidade cada vez mais "normal" de todas as idades e em todos os empregos.
E perguntam vocês o que tem isto a ver com ser-se pais?
Lembram-se quando os filhos andavam na escola e faziam testes ou faziam alguma actividade nova em que o vosso coração ficava apertadinho de ansiedade?
Pois é exactamente assim que me sinto diariamente.
Cada dia que ela chega do trabalho olho para o seu rosto à procura de indícios se continua empregada, tal e qual quando chegava da escola e olhava à procura de sinais que as coisas tinham corrido bem...
Depois do dia terrível que tenho tinha tido estava decidida a ficar em casa.
Não via a hora de me esticar no sofá espezinhada rodeada dos gatos, quando recebo um telefonema de uma amiga para ir ter com ela. Confesso que essa ideia não me agradava nada, mas vendo a necessidade dela de desabafar não tive coragem de lhe virar as costas.
Como não estamos juntas com frequência (o telefone serve para algumas confidências), achei que deveria levar alguma coisa às pestinhas aos putos. O problema é que não tinha nada para eles, quer dizer achava eu, mas o maridão disse-me "porque não levas uma embalagem de Milka?"
Acredito que aquelas palavras lhe tenham saído sem pensar e que se tenha arrependido logo de seguida, sim porque para um guloso do tamanho do mundo oferecer algo que adora não deve de ser muito fácil.
Antes que me mandasse ao hipermercado, agarrei no pacote de Choco Moooo e nuns folhetos de desconto e saí.
Achei graça aos putos quando viram o pacote e disseram "olha a vaca lilás". Ficaram sossegadinhos a devorarem as bolachas enquanto nós conversávamos.
O assunto era sério...O banco ia ficar-lhe com a casa.
Eu sabia que financeiramente as coisas não estavam bem, mas ainda assim foi um choque saber que ia ficar sem casa. Falou sobre as dividas que ela e o marido foram acumulando ao longo dos anos que foram casados, o divórcio e a perda de emprego dela.
Na altura do divórcio ela decidiu ficar na casa, já que tinha sido construída no terreno que os pais lhe deram, praticamente pegada à deles e construída com a muita ajuda deles.
Agora o drama maior não era ficar sem casa, mas contar aos pais que aquela casa que eles tinham ajudado a construir e aquele terreno que lhe tinham dado iria ser do banco. Estava desesperada, pois para os pais o divórcio já tinha sido um desgosto e agora achava que a mãe não ia resistir a ver outras pessoas a viverem na casa que tinha sido da filha.
Compreendo perfeitamente a angustia dela e até me arrepio de imaginar estar no lugar dela.
Ela tem a noção de que tanto ela como o marido deram passos maior do que as pernas e que mesmo que não tivesse perdido o emprego a situação seria igualmente catastrófica.
Contou-me que levou muito tempo até aceitar que estava a ficar pobre, tanto mais que deixou de pagar a casa e continuou a pagar o colégio e as actividades dos putos (futebol, musica, piscina, etc), continuou a ir jantar fora com os amigos, continuou a ir à cabeleireira todas as semanas (e diga-se, bem cara), continuou a ter "senhora das limpezas" e continuou a "sustentar" um carro que bebe mais que um bêbado (palavras dela).
Confessou-me que durante anos viveu de aparências e para as aparências.
Nada que cá em casa muitas algumas vezes não o comentássemos.
No final, agradeceu por eu a ouvir, segundo ela estava mais leve e capaz de enfrentar os pais. Também não me parece que tenha outra alternativa.
Que lhe poderia dizer?
Que tinham sido irresponsáveis?
Que tinham vivido acima das possibilidades?
Que tinham tido as prioridades trocadas?
Que os jantares, as actividades dos putos, o carrão (XPTO), que o cabeleireiro, a empregada de limpeza, as férias pagas a crédito e as roupas de marca eram coisas segundarias?
Não valia a pena...ela sabia e apenas queria desabafar e eu como amiga estava ali para a ouvir.
Tanto que necessito de tranquilidade sinto-me...triste, angustiada e ansiosa (para saber o desfecho destas vidas).
Tudo tem uma razão de ser e se na sexta feira a transportadora falhou a entrega, certamente foi por um motivo...especial.
Se assim não fosse, hoje em dia de aniversario não teria recebido este presente
Certamente que este aniversario vai ficar-me na memoria, pois o primeiro presente do dia foi a caixa da Milka.
Não é para todas!
E diga-se que a caixa vem bem recheada...estou doida para lhe deitar o dente!
Ah, o primeiro a usufruir foi o Snooo!
O dia de trabalho não ajudou, o facto da minha filha ficar sem emprego(novamente) também não, mas a poucos dias de fazer 45 anos sinto-me sem esperança no futuro...
Desculpem, lá...é só um desabafo a amanhã será um novo dia.