Não desgosto de trabalhar à noite, mas uma noite na nossa caminha sabe sempre bem. Quer dizer...às vezes sabe bem. Esta minha noite de sono foi tudo menos tranquila e se eu disser que envolveu carneirinhos, certamente estão a pensar que não tinha sono e que passei a noite a fazer justiça ao velho ditado "contar carneirinhos". Neste caso afirmo que não os contei, mas que os ouvi e vi.
Ao lado do prédio onde moro existe uma quinta com vários animais desde patos, galinhas e OVELHAS. Pois, foram as ovelhas que destruíram a minha noite de sono e presumo que de todos os vizinhos (menos a do caseiro).
Eu e o maridão estávamos na cama há pouco tempo quando começamos a ouvir as ovelhas a fazer uma barulheira terrível. O nosso primeiro pensamento foi para algum ladrão de ovelhas. Vai dai, aqui a "Je" levanta-se e vai até a uma das janelas que dá directamente para a quinta e tive que esperar alguns minutos até os meus olhos se habituassem à escuridão e conseguir visualizar as ovelhas e o suposto ladrão. A muito custo consegui vê-las, mas não consegui visualizar nada estranho.
Voltei para acama, continuei a ouvi-las naquele berreiro ensurdecedor e como se não bastasse ouvia o maridão a barafustar que não o deixavam dormir. Lá adormeceu e eu acordadinha a pensar nas pobres "bichitos". Sim, porque alguma coisa estava a acontecer já que aquilo não era normal. Durante alguns períodos adormecia, mas sempre que voltava a acordar ouvia-as e lá voltava eu a ir à janela.
Na minha cabeça a ideia inicial do ladrão tinha desaparecido, passei a imaginar que alguma tivesse enfiado as patas na rede que serve de divisão da quinta ou pior que tivesse enfiado a cabeça na tal rede ou algo lhe tivesse caído em cima. Mais tarde ainda me lembrei que alguma pudesse estar a parir e que tivesse com dificuldade. Ainda estava presente na minha memoria a choradeira que tinha sido com esta situação http://momentosdisparatados.blogs.sapo.pt/26500.html .
Uma coisa era certa, alguma estava em apuros e do caseiro nem sinal.
Cerca das 7 horas voltei à janela percebi o porquê do berreiro. Vi 3 ovelhas separadas por um muro. As duas irmãs estavam juntas e a mãe tinha-se aventurado e tinha caído para trás de um muro. Embora o muro não fosse muito alto a mãe não conseguia saltar. Ela ainda se colocava sobre as patas traseiras, mas sem sucesso. Estava explicado todo aquele berreiro. As pequeninas choravam pela mãe, a mãe chorava pelas filhas e eu chorava por não poder fazer nada.
Neste momento o silêncio paira por aqui, não que o problema esteja resolvido, mas acredito que por cansaço tanto a mãe como as pequenitas estão caladas.