Já aqui dei conta que há anos que espero um filho e embora já não sofra por mês após mês ele não aparece, há dias em que isso me afecta muito. E depois parecer que nessas alturas tudo à minha volta vai dar ao tema BEBÉS.
Se não vejam, esta semana fui às urgências e o medico pergunta-me se uso anticoncepcionais e claro quando digo que não e vendo a minha idade pergunta "mas, quer engravidar?"
Lá lhe contei sobre o aborto espontâneo, sobre as tentativas, sobre a vontade de ter, a vontade de não ter e o deixar andar, tipo se vier vem se não vier não há problema. Claro que não tive coragem de lhe falar no "bruxo", nas suas previsões e que ele é que é o culpado de ainda ter esperança de voltar a engravidar. Certamente que me mandaria internar para me tratar da mioleira!
Acabei por vir para casa a pensar que provavelmente o desejo inconsciente de engravidar não se irá concretizar. Resultado estou irritada e impossível de aturar. Tento a todo custo não pensar em bebés, mas está a tornar-se impossível.
O meu trabalho é cuidar de idosos, mas curiosamente ontem apareceu uma familiar de um velhote e acompanhada de uma criatura pequenina que tinha nascido há pouco tempo. Como se não bastasse, hoje vou ao supermercado e encontro uma amiga acompanhada do filho de apenas 20 dias e agora acabo de encontrar este post http://paisdequatro.blogs.sapo.pt/152302.html com estas caras mais lindas e fofas.
Esquecer? Digam-me como poderei esquecer que provavelmente não irei voltar a ser mãe, quando estou rodeada de bebés?
Para quem não conhece a historia do "bruxo aqui fica parte de um post que escrevi sobre o assunto, num antigo blog.
"...perdi o bebé. Acabei com uma depressão( que rapidamente me livrei) e lá continuamos a tentar.
Poucos dias, após ter abortado fui visitar um familiar e encontro lá em casa um homem que eu não conhecia.
Estávamos todos a conversar e a uma dada altura ele fala em espiritismo, oculto, etc.
Naquela altura ele deu a entender que adivinhava o futuro(ou pelo menos dizia), então perguntei-lhe:
-Consegue prever se eu ainda irei voltar a ser mãe?
-Irá, mas demorará uns anos!
Pensei:"deve ser parvo, então acabei de abortar, é lógico que ficarei grávida rapidamente!"
O que é certo é que não voltei a engravidar!
Depois do meu marido ver todos os meses, o meu sofrimento(quantos testes eu não fiz) achou que seria melhor desistirmos da ideia, de ser pais( segundo palavras dele já tinha uma, pois considera a minha filha também sua). Acabei por concordar com ele, pois aquilo não era vida, era sofrimento.
E só me lembrava dessa fase, quando as pessoas me diziam:" o teu marido não tem filhos?" " olha que deve ser um desgosto enorme"
Estúpidas! Não sabem o sofrimento que me causam!
Ao fim de 6 anos, voltei a encontrar o tal homem "adivinho".
Não é que me voltou a dizer, que até aos meus 45 anos, irei voltar a ser mãe novamente!
Será mesmo possível, logo agora que não desejamos(ou será que desejamos?)
Sinceramente não sei se gostei de o voltar a encontrar... terei de esperar para ver, se tem razão, não é?"
Há cerca de 9 anos estava grávida. Uma gravidez muito desejada depois de vários anos de tentativa.
Recordo-me perfeitamente, como se fosse hoje quando recebi o teste de gravidez.
Telefonei logo ao meu marido e claro como seria de esperar ficou radiante.
Para completar a emoção desse dia, apareceu no meu emprego com a minha filha, acompanhados com um ramo enorme de rosas.
Bem, fui um choradeira...de tanta felicidade.
Ainda nesse dia marquei a consulta para o ginecologista, consulta essa que foi passado uns dias.
Acompanharam-me à consulta o maridão e a filhota...a felicidade era enorme e nunca me passou pela cabeça que algo pudesse estar mal.
Durante a ecografia e devido à demora do médico apercebi-me que havia qualquer coisa...
A ansiedade tomou conta de mim...
Doeu muito, ouvir o médico dizer que não estava a gostar daquilo que estava a ver.
Muitas idas e vindas ao hospital para fazer ecografias para se descobrir o que se passava.
Duas longas semanas se passaram até ao dia em que perdi o bebé.
Achei que tinha ultrapassado este triste acontecimento, mas hoje ao ver o programa da Fátima Lopes revivi tudo novamente.
Dói, dói muito...
Cada um de nós pode vive a dor de de forma diferente e não posso dizer que a minha dor seja mais pequena por ter perdido um filho às 8 semanas, mas acredito que perder um filho no fim da gravidez seja ainda mais difícil de ultrapassar.
As duas convidadas do programa viveram este drama.
Também tomei conhecimento de que dia 6 de Maio vai haver uma iniciativa da associação Projecto Artémis, lançamento de balões dos pais que perderam filhos durante a gravidez.
Talvez tenha coragem em participar, já que a minha cidade vai ser uma das 5 a participarem nesta iniciativa.