O que aqui vou contar foi uma provavelmente a mais difícil e
aterradora decisão da minha vida.
Tínhamos a informação de que os hóspedes portugueses iriam
ter a visita de um guia para fazer algumas explicações.
Depois de eu e o maridão tomarmos um belo pequeno-almoço
fomos para junto do bar, à espera do tal guia.
Estávamos mortinhos por experimentar a piscina e o mar, mas
àquele compromisso não convinha faltar.
Depois de nos explicar o que deveríamos fazer no caso de
ficarmos doentes (nunca ir ao médico sem ligar primeiro para a Europe
Assistance), que serviços podíamos usufruir no hotel, a que hora teríamos de
estarmos prontos para o regresso, informou-nos das excursões que poderíamos
fazer.
Ora aqui começou o meu "pesadelo"...
Alguns de vós sabem do meu pânico pelo mar e lembram-se
certamente de eu dizer coisas do género "nunca vou entrar num barco",
"nem que me ofereçam um cruzeiro eu irei meter-me no mar".
Na altura que começamos a pesquisar a nossa viagem para a
Republica Dominicana tivemos conhecimento de algumas excursões, especialmente
de uma à Ilha Samoa. O meu marido dizia que adorava ir e eu dizia "podes
ir, mas sem mim".
Até o nosso guia ter mostrado as fotos da ilha eu tinha as
certezas que a mim não me apanhavam lá, embora tivesse pena pelo maridão.
Ao ver as imagens, o coração começou a bater mais forte, os
olhos a ficarem com algumas lagrimas (que consegui disfarçar) e a pensar
"idiota ganha coragem".
Quem não sabe o que é ter pânico pelo mar não saberá o que
eu estava a sentir...sabia que se não fizesse essa viagem iria arrepender-me,
mas por outro lado pensava " e se eu caio à agua?", "e se o
barco se vira", "e se me dá um treco e estrago a viagem do
pessoal?"...não estava ser fácil.
Era o querer e o "não poder".
Como se não bastasse o meu medo do mar, ainda tinha tido um
sonho exactamente no dia em que o maridão me tinha feito a proposta para
marcarmos as férias. Como aqui a menina tem a mania de ir saber o que significa
os sonhos...ora segundo a definição eu não deveria aceitar uma proposta para
viajar e iria sofrer um acidente.
O que é o mesmo que dizer que passei estes meses que antecederam a pensar no "raio" do sonho.
Ora para mim estava claro, se o avião não tinha caído, só
poderia ser um acidente com o barco.
Eu olhava para o maridão e ele dizia "a decisão é
tua".
Custou tanto, tanto, tanto dizer que sim.
Iria fazer a excursão dai a 2 dias.
Não será preciso dizer que esses dias foram passados com
alguns muitos momentos de ansiedade.